Anjo! - Casimiro de Abreu

V.

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Eu era a flor desfolhada
Dos vendavais ao correr;
Tu foste a gota dourada
E o lírio pôde viver.

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Poeta, dormia pálido
No meu sepulcro, bem só;
Tu disseste – Ergue-te Lázaro! –
E o morto surgiu do pó!

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Eu era sombrio e triste...
Contente minh’alma é;
Eu duvidava... sorriste,
Já no amar tenho fé.

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A fronte que ardia em brasas
A seus delírios pôs fim
Sentindo o roçar das asas,
O sopro dum querubim.

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Um anjo veio e deu vida
Ao peito de amores nu:
Minh’alma agora remida
Adora o anjo – que és tu!

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