não vi, Amor, valimento.
Só palavras e palavras
feitas de sonho e de vento.
em que perduram salivas
de outras paixões ainda ativas,
sopro de angolas e congos,
eu sinto a turva incerteza
(ai, ouro de tredas lavras)
da enovelada surpresa
que põe tanto de estranheza
nos contratos que tu lavras.
brilhe a promessa incessante
de um afeto a perdurar
até o mundo acabar
e mesmo depois – diamante
de mil prismas incendidos,
amarga-me o pensamento
e nos seus subentendidos
não vi, Amor, valimento.
eu tenho. De que me serve?
de ementas e de rasuras,
no peito a dúvida ferve,
se nos mais doutos cartórios
de Londres, Londrina, Lavras
para assuntos amatórios,
teus itens são ilusórios,
só palavras e palavras.
que te invalidam o trato
não sei se provêm de manhas
ou de vistas mais estranhas.
Serão talvez teu retrato
gravado em vento ou em sonho
como aéreo documento
que nunca mais recomponho.
São todas – digo tristonho –
feitas de sonho e de vento.
2 comentários:
Não conhecia esse poema. Beijo para você moça bonita!
Olha eu passando aqui para prestigiar seu trabalho outra vez. Boa noite.
conscienciaacademica.blogspot.com.
Postar um comentário