sexta-feira, 18 de abril de 2008
Por Roberto Shinayashiki
Se, em algum momento da vida, você se sentiu incapaz de realizar um trabalho para o qual estava qualificado; se ficou mudo diante de uma platéia, mesmo sendo conhecedor do assunto; se acordou pela manhã e, sem sintoma algum de doença, sentiu-se apático e sem motivação para levantar-se; se não foi capaz de declarar-se à pessoa que você amava; se teve o desejo de constituir uma família, mas até hoje continua solteiro, provavelmente você já experimentou uma sensação de incapacidade. Pode-se observar duas formas de incapacidade. Na incapacidade fundamentada, existe um impedimento verdadeiro para você atingir seus objetivos. Por exemplo, uma pessoa ama outra, mas esta não corresponde ao sentimento por não estar disponível, ou por não querer, pois já ama alguém. Existe aí um obstáculo real, e não vencê-lo mostra que a incapacidade é real. Continuar insistindo nesse amor é sabotar a possibilidade de encontrar outro amor, é lançar-se na solidão. Outra forma de incapacidade é a imaginária. Ocorre quando a pessoa se julga incapaz de obter algo que, na verdade, lhe seria possível. Por exemplo: alguém se apaixona por uma pessoa que pode corresponder àquele sentimento, porém não consegue declarar o seu amor a ela. Nesse caso, a fantasia cria obstáculos ilusórios e configura uma incapacidade ilusória. É importante saber diferenciar a incapacidade real da imaginária, pois ambas podem existir numa mesma situação. Como no caso do homem cuja mulher estava triste porque o pai adoecera. Ele nada podia fazer para curar o enfermo e, conseqüentemente, para devolver a alegria à mulher.trata.se de incapacidade real. Mas ele podia ouvi-la e oferecer-lhe o ombro para chorar, de maneira que ela pudesse se sentir protegida, apesar de todas as dificuldades. Se o homem não agiu assim e continuou afirmando que nada podia fazer por sua mulher, colocou-se numa situação de incapacidade imaginária, que no fundo demonstrava uma grande falta de coragem de fazer o que estava ao seu alcance. A incapacidade imaginária pode manifestar-se de duas formas: pela supervalorização do outro, de tal maneira que ele é considerado alguém inatingível, ou pela diminuição do nosso potencial, fazendo com que nos sintamos incapazes de receber amor e atenção. O sentimento de rejeição é tão grande nesses casos que impede a aproximação de outra pessoa. Se isso ocorre mesmo havendo amor entre o casal, é porque ambos estão fugindo de algo que os ameaça. Pensando tornar-se seguros através dessas condutas, podem arruinar esse amor. Por que não deixar o parceiro perceber nossas inseguranças? Ninguém é um gigante ou um super-herói. Todo ser humano tem o direito de se sentir incapacitado, inseguro. Na verdade, é preciso armar-se de coragem para reconhecer essas limitações. Faz parte da arte de amar usar bem as opções em favor da sobrevivência do amor. Uma das formas mais poderosas de proteger o amor, numa relação saudável, é permitir que os limites, as inseguranças, os pontos fracos sejam conhecidos pelo parceiro, de modo que ambos possam cuidar para que eles não os prejudiquem. Ameaças e inseguranças ocorrerão sempre, pois ninguém dá cem por cento de garantia a ninguém. Mas, se cada um se conscientizar da forma como pode contribuir para a relação crescer, as ameaças e as inseguranças serão muito menores. A única maneira de esclarecer se nossa capacidade é real ou imaginária consiste em ter coragem de acreditar no amor do outro, ter confiança de que o outro nos amará com nossas limitações reais e nos ajudará a vencer as imaginárias. A essa atitude damos o nome de entrega amorosa.
(texto retirado do livro "Amar Pode Dar Certo")
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2 comentários:
Reflexivo! Eu de novo por aqui moça bonita! Beijo
Não sei como cheguei aqui mas estou adorando. Um blog muito criativo e encantador. Abraço
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