domingo, 6 de abril de 2008

Agora que Sinto Amor - Alberto Caeiro



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Agora que sinto amor

Tenho interesse no que cheira.

Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.

Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.

Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.

São coisas que se sabem por fora.

Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.

Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.

Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.

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Um comentário:

Manuel Marques disse...

Um poema do meu poeta preferido... e ontem... 6 de abril... no Alentejo que amo com uma força inexplicável... vi tantos jasmins e malmequeres que me senti envolvido numa qualquer força mística de pura energia! Aproveito apra te dar os parabéns! Porquê? Porque sim, porque os mereces!