sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Por esta solidão que não consente - Manuel du Bocage
Por esta solidão que não consente
Nem do sol, nem da lua a claridade;
Ralado o peito já pela saudade
Dou mil gemidos a Marília ausente.
De seus crimes a mancha inda recente
Lava Amor, e triunfa da verdade;
A beleza, apesar da falsidade,
Me ocupa o coração, me ocupa a mente.
Lembram-me aqueles olhos tentadores,
Aquelas mãos, aquele riso, aquela
Boca suave, que respira amores...
Ah! Trazei-me, ilusões, a ingrata, a bela!
Pinta-me vós, ó sonhos, entre flores
Suspirando outra vez nos braços dela.
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