quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
LXXIX - Pablo Neruda
e que eles no sonho derrotem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
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Noturna travessia, brasa negra do sonho
Noturna travessia, brasa negra do sonho
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade de um trem descabelado
que a sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
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Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
á tenacidade que em teu peito bate
com as asas de um cisne submergido,
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Para que as perguntas estreladas do céu
Para que as perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.
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(Endless Love,
1981),
Amor sem fim,
Pablo Neruda
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Encanto de Chuva - Rosângela do Valle Dias

Chuva de amor na minh'alma...
Canta, no sossego de sons,
a canção de lágrimas vertidas.
Suave afago de brisa
que passa, em silêncio, na escuridão.
Uma chuva sem tormentas e
sem sofrimentos.
Um canto que faz sorrir o meu coração e
que dispara,
em explosão de sentimentos,
os acordes mais lindos que ele já pôde ouvir.
A chuva e o canto são pra você,
meu amor em versos.
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
A Nuvem - Teófilo Dias

Sulcas o ar de um rastro perfumoso
Que os nervos me alvoroça e tantaliza,
Quando o teu corpo musical desliza
Ao hino do teu passo harmonioso.
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A pressão do teu lábio saboroso
Verte-me na alma um vinho que eletriza,
Que os músculos me embebe, e os nectariza,
E afrouxa-os, num delíquio langoroso.
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E quando junto a mim passas, criança,
Revolta a crespa, luxuosa trança,
Na espádua arfando em túrbidos negrumes,
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Naufraga-me a razão em sombra densa,
Como se houvera sobre mim suspensa
Uma nuvem de cálidos perfumes!
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(Australia,
2008),
Austrália,
Teófilo Dias
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
À Primeira Vista - Shirley Ruiz
Foi amor
E então
Nós éramos dois,
Dois intelectuais,
Atuais e talvez ingênuos
Até demais!?
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À primeira vsita
O amor
Foi um sentimento
Sincero e bonito
Sem sonhos e ilusões
Quase rompidos pelo tempo..
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Mas nós dois
Cheios de amor e utopias
Conseguimos passar
Pelos fenômenos
Do ambiente,
Quase fatais
Realmente!
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Afinal
Nós éramos dois
E dois apaixonados
Pela arte e pela vida
Até que..
O terceiro chegou!
Então,
Nós éramos três!
.
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Quando a luz estender as roupas nos telhados
E for todo o horizonte um frêmito de palmas
E junto ao leito fundo de nossas duas almas,
Chamarem nossos corpos nus,entrelaçados,
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Seremos, na manhã, duas máscaras calmas e felizes,
De grandes olhos claros e rasgados…
Depois,volvendo ao sol as nossas quatro palmas,
Encheremos o céu de vôos encantados!…
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E as rosas da cidade inda serão mais rosas.
Serão todas felizes sem saber porque.
Até os cegos,os entrevadinhos… E
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Vestidos contra o azul de tons vibrantes e violentos,
Nós improvisaremos danças espantosas,
Sobre os telhados altos, entre o fumo e os cataventos!
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(Moulin Rouge,
1952),
Mário Quintana,
Moulin Rouge
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Do Príncipe ao sim - Elisa Lucinda

O homem que eu amo
veio de tanto eu pedir
mas quando parei de esperá-lo
veio quando eu ao depená-lo
do meu sonho receio,
permiti que em vez de início ou fim
ele no meio de mim
fosse só o meio.
Não meio no sentido tático
de jeito ou de modo.
Meio no sentido de durante
de enquanto
de presente.
Quando abandonei o título futuro
definitivo da eternidade
o rótulo azarento de garantia
no departamento de intimidade,
quando abandonei o desejo
de ressarcir aquilo que perdi na antigüidade,
meu homem chegou cheio de saudade
ocupando inteiro
eu lugar de meio
sua inteira metade.
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1999,
Até que a vida nos separe,
Elisa Lucinda
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Olmo - Sylvia Plath

Sei o que há no fundo, ela diz.
Conheço com minha própria raiz.
Era o que você temia.Eu não: já estive lá.
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É o mar que você ouve em mim,
É o mar que você ouve em mim,
Suas frustrações?
Ou a voz do vazio, essa é a sua loucura?
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O amor é uma sombra.
O amor é uma sombra.
Como você chora e mente por ele.
Ouça: estes são seus cascos; fugiram, como cavalos.
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Vou galopar a noite inteira
Até que sua cabeça vire pedra, seu travesseiro vire turfa,
Até que sua cabeça vire pedra, seu travesseiro vire turfa,
Ecoando, ecoando.
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Ou devo te trazer o borbulhar das poções?
Ou devo te trazer o borbulhar das poções?
Isso agora é chuva, esse silêncio imenso.
E este é seu fruto: branco-metálico, como arsênico.
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Sofri a atrocidade dos poentes.
Sofri a atrocidade dos poentes.
Queimada até as raízes
Meus filamentos ardem e ficam, emaranhado de arames.
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Meus estilhaços se espalham em centelhas.
Meus estilhaços se espalham em centelhas.
Um vento violento assim
Não suporta obstáculos: preciso gritar.
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A lua, também, não tem pena de mim: me engole,
A lua, também, não tem pena de mim: me engole,
Cruel e estérilSeus raios me arruínam.
Ou quem sabe a peguei.
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Eu a deixo fugir, fugir
Magra e minguante, como depois de uma cirurgia radical.
Seus pesadelos me enfeitam e me possuem.
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Dentro de mim mora um grito.
Dentro de mim mora um grito.
De noite ele sai com suas garras, à caça
De algo para amar.
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Sou torturada por essa coisa negra
Sou torturada por essa coisa negra
Que dorme em mim;
O dia inteiro sinto seu roçar leve e macio, sua maldade.
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Nuvens passam e se dissipam.
Nuvens passam e se dissipam.
São estas as faces do amor, pálidas, irrecuperáveis?
Foi pra isso que atormentei meu coração?
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Não consigo compreender além.
Não consigo compreender além.
E o que é isso agora, essa cara
Assassina com seus galhos sufocantes? -
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O beijo traiçoeiro da serpente.
Petrifica o desejo. Esses são os erros, solitários e lentos,
Que matam, matam, matam.
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2006),
Em Paris,
Sylvia Plath
sábado, 10 de janeiro de 2009
Amor - pois que é palavra essencial - Carlos Drummond de Andrade

Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro gritode orgasmo,
num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado, fundido,
dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorteq
ue, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura.
A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Por Clarice Lispector ...

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil".
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1929),
Alvorada do Amor,
Clarice Lispector
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Por que mentias? - Manuel Antônio Álvares de Azevedo

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Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
Sabe Deus se te amei!
Sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!
Vê minha palidez- a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito!
Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
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Manuel Antônio Álvares de Azevedo,
Volta por cima
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Madrigal Melancólico - Manuel Bandeira

O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
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O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
.
que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
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O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti
lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!
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(Falling in Love,
1984),
Amor à Primeira Vista,
Manuel Bandeira
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
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