sábado, 16 de fevereiro de 2008

Seus Olhos - Gonçalves Dias



Seus olhos, tão negros, tão belos, tão puros,

de vivo luzir,

estrelas incertas, que as águas dormentes

do mar vão ferir;

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seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

de meiga expressão

mais doce que a brisa, — mais doce que a frauta

quebrando a soidão.

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Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

de vivo luzir,

são meigos infantes, gentis, engraçados

brincando a sorrir.

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São meigos infantes, brincando, saltando

em jogo infantil,

inquietos, travessos; - causando tormento,

com beijos nos pagam a dor de um momento,

com modo gentil.

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Seus olhos são negros, tão belos, tão puros,

assim é que são;

às vezes luzindo, serenos, tranqüilos,

às vezes vulcão!

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Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,

tão frouxo brilhar,

que a mim parece que o ar lhes falece

e os olhos tão meigos, que o pranto umedece,

me fazem chorar.

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Assim lindo infante, que dorme tranqüilo,

desperta a chorar;

e mudo, sisudo, cismando mil coisas,

não pensa — a pensar.
.

Nas almas tão puras da virgem, do infante,

às vezes do céu

cai doce harmonia duma harpa celeste,

um vago desejo; e a mente se veste

de pranto co'um véu.

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Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,

de vivo fulgor;

seus olhos que exprimem tão doce harmonia,

que falam de amores com tanta poesia,

com tanto pudor.
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Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

assim é que são;

eu amo esses olhos que falam de amores

com tanta paixão.
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