sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amor Idealizado - Fernando Pessoa

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Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
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A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
.
Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.
..

5 comentários:

EDUARDO POISL disse...

FELICIDADE!

Quando o vento bater à sua porta,
Abra devagar,
Para deixa-lo entrar
Pense quanto de bom poderá receber,
Se estiver pronto para tal,
Mas as conquistas diárias
Estamos sempre apostando tudo
e a cada recomeço,
Percebemos, o quanto é gratificante,
Estar pôr perto de quem se gosta de verdade,
Sua simpatia,
Corresponde o momento de felicidade
e transborda de alegria
o coração de quem recebe.

(Roseli Alcântara)

Desejo toda a felicidade neste final de semana,
Um grande abraço.

Glauco Callia disse...

O Trem para Aosta


Os pensamentos voam em minha mente
Como a velocidade deste trem
E assim, recosto minha nuca no encosto desta cadeira
Neste canto perdido da segunda classe

Respiro fundo e, através da janela,
Vejo os Alpes seculares com seus cimos
Ainda mostrando uns traços de neve
Sinto-me fresco, como as lufadas frias
Que o ar condicionado lança no mundo infinito do vagão

Olho para o rio, que corre calmo contra o trem
Corre, corre para o mar, como todo rio há de cor-rer
Eu gosto de rios, escolhem pela água da chuva, ou das geleiras
Primeiramente o caminho mais fácil, mas com o passar dos anos,
Séculos, esculpem a sua margem, aprofundam o seu leito...
Trazem com as águas, o pensamento que sempre bate em minha mente,
Um dia vamos todos morrer...

Estou bem nesta cadeira, um imperador sem reino
E de repente rio-me com a situação de um trem que corre contra o rio
Que invariavelmente, corre, ruma pra morrer no mar
A locomotiva luta no sentido inverso, vencendo a gravidade e,
Como um alpinista, vai escalando os Alpes

Passamos por cidadezinhas com muitas casas, muitas chaminés
Para cada chaminé, há uma fumaça, que leva da terra para o céu
O desejo eterno do instante factível, de cada ca-sal, à beira de cada lareira
Com os mesmos beijos sob os olhares invejosos dos mesmos relógios de Guilherme de Almeida
Relógios invejosos, que por ciúmes doentio da moça que se deixa nua,
Avança o tempo!Apressa o futuro!Arranca com suas badaladas
Todos os instantes de nossas mãos, ficando ele e-terno na parede
Vendo o jovem soldado que tem hora marcada para morrer
Para a moça, que dentre anos, não mais poderá parir
Perderá a beleza e os olhares ilícitos..
Os filhos, que irão partir

Verá o rio ! Andará no trem!Correrá pro mar
Mas daqui somente vejo fumaça, buscando as estrelas testemunhas !
De tudo, de todos, minhas testemunhas, pálidas e celestes
Dos instantes que eu não quero perder!
Dos beijos que eu não quis acabar
Dos abraços que eu, circunspectamente EU, não quis acabar mas que acabaram em lágrimas...

Estou ansioso e o Atlantis no meu pulso incomoda, tic tac, tic tac
Desdobramento de segunda bulha, disse a pro-fessora de fisiologia....Sístoles, diástoles, tic tacs...o tempo, como um relógio dento do meu peito.

Paramos em uma estação, não é a minha...
Mas também aqui há relógios e fumaças

Pessoas descem e desaparecem da minha exis-tência, pessoas sobem e meu presente se reconstrói
Um velho homem, com uma lanterna verde, sai de um filme de Fellini
E grita um italiano dialetal, seguido pelo som do vapor ...
O cenário deste filme fica para traz...

Mas de repente, minha dimensão vagão mudou
Logo a minha frente, senta uma garota, cabelo negro como a noite
Corre pelos ombros e cai pelo vão da camisa, que por displicência adolescente,
Deixa à mostra as rendas claras, que por sua vez, recobrem a pele muito branca que, sob os seios, es-condem, como toda mulher há de esconder,
Milhares de sonhos e segredos, aqueles que fa-zem de nós homens... só homens.

Observo-a enquanto abre cuidadosamente o zí-per de uma capa de violão
Abraça com as mãos macias o instrumento, re-pousando-o sobre a saia caqui de escoteira
Que é repleta de comendas do estilo...”aprendi a amarrar meu sapato....”

Toca umas cordas, aperta os trastes e começa a dedilhar
Faz acordes entre Lá, Sol, Fá, cifras simples mas as-sim como a jovem, singelos e bonitos
Renuncio a olhá-la e fecho os olhos afundando na cadeira
Num instante, a musica me leva para minha terra e de repente, não sou mais estrangeiro pois a musica, pertence a humanidade

E ela canta, ela canta e ao abrir meus olhos vejo seus lábios
Articulam palavras cantadas que falam de amor, confiança e amizade
Sua boca canta enquanto sorri, e seus olhos atra-cam nos meus
Começo a cantar o segundo refrão junto com ela
Em meio aos acordes, neste vagão sem horas
Os meus lábios cantam consoantes com o dela
E assim neste instante o mundo para d girar
Para de girar, para de girar...
E...todos os relógios do mundo se quebram...

Paulinho Damascena disse...

Lindo poema de Fernando Pessoa, por quem sou apaixonado.
Seu blog é magnifico, vou sempre ler alguma coisa por áqui.
Espero tb sua visitinha ao meu blog,



http://pc.souza1972.blog.uol.com.br/

Milca disse...

LINDO!
=D

Rosângela disse...

Renata.
O seu blog é um encantamento só!
Eu ainda conseguirei, um dia, se Deus quiser, dar a merecida atenção aos "shows" que os meus amigos postam em seus espaços.
Os dias passam e eu fico devendo visitas, não tem jeito!
Não fique zangada, tá!
Parabéns pela qualidade de tudo o que você faz aqui.