quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Soneto de Luz e Treva - Vinícius de Moraes

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Para a minha Gesse, e para que
ilumine sempre a minha noite
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Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima.
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Mas súbito renega a bela e a fera
Prende o cabelo, vai para a cozinha
E de um ovo estrelado na panela
Ela com clara e gema faz o dia.
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Ela é de capricórnio, eu sou de libra
Eu sou o Oxalá velho, ela é Inhansã
A mim me enerva o ardor com que ela vibra
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E que a motiva desde de manhã.
– Como é que pode, digo-me com espanto
A luz e a treva se quererem tanto...
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Itapuã, 08.12.1971

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Um comentário:

Jhacy disse...

Gosto muito de vir ao seu cantinho, sempre há uma linda poesia, e quanto a esta: não dizem que os opostos se atraem?
beijos.